segunda-feira, 25 de agosto de 2014

SOMBRAS

(imagem do google)
“Santo  é o pecador que não desistiu.” (Paramahansa Yogananda)

Gosto das minhas sombras. Desse canto secreto, obscuro que todos possuímos, mas não gostamos de mostrar. Eu poderia fazer o questionamento nivelador: ”Tenho sombras, sim! Mas quem não as tem?”  No entanto, não são as sombras alheias que me interessam. Que cada um lide com as suas como quiser. Ocupo-me das minhas.
Elas são, sem dúvida, o meu contraponto, meu fiel da balança. Reconhecê-las resgata o meu ponto de equilíbrio. São minhas sombras que me puxam para o chão de incertezas que é a vida. Libertam-me do rigor impiedoso do perfeccionismo, salvam-me de qualquer orgulho ostensivo, das vãs vaidades. Dão-me o empurrão necessário para o território da dúvida, para longe das certezas inúteis. Relativizam-nas.

Sombras são como os velhos negativos de fotos: delineiam, mas não detalham; sugerem, porém não revelam. Causam-me, a um tempo, o espanto e a admiração diante do que sou. Fazem parte da substância da minha alma. Tiram, um a um, os véus da minha própria cegueira, abrindo caminho e espaço para minha luz verdadeira.  

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