segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A REGRA DO JOGO

          



Em absoluto falarei do novo folhetim da Globo. Aliás, já foi repetido à exaustão que "a vida imita a arte", mas a famosa loura platinada de origem obscura pensa o contrário e vem, com isso, justificando o conteúdo duvidoso que empurra para cima de seus fiéis espectadores. Eu não "sigo" - como se costuma dizer - qualquer novela, mas ouço o comentário de um e outro e vejo, no intervalo do MGTV primeira edição, as insistentes chamadas nos intervalos comerciais. 
Venho falar de outra coisa. Vivemos um tempo de intolerância. Não que ela nunca tenha existido. A história mundial a revela e comprova ao relatar as inúmeras guerras ao longo dos séculos, mostrando como somos belicosos, beligerantes. Evoluímos bastante em muitos aspectos, mas as guerras continuam aí e sua face perversa pode ser constatada quando alguns países, que enriquecem com o extermínio de seus semelhantes fornecendo armamento e incitando o ódio, blindam suas fronteiras para os imigrantes.
Nosso Brasil já acolheu, no passado, italianos que fugiam dos conflitos na Europa e o navio Kasato Maru trouxe para o país famílias de japoneses que vinham trabalhar nos cafezais. Essa gente valorosa se estabeleceu aqui e, trabalhando duro, fizeram desta terra sua segunda pátria, agregando seus hábitos e sua cultura à construção de nossa identidade. Ainda hoje, recebemos imigrantes, agora de outras nacionalidades, como os haitianos e ganeses, que adentram o Brasil atravessando nossas fronteiras permanentemente abertas.
No entanto, no mundo globalizado, a intolerância agora é, também, territorial. E nada sutil. Costumamos afirmar, com todas as letras, que não temos preconceito étnico. Porém, veladamente, um número razoável de cidadãos de pele clara não tolera seus congêneres de tez escura, nos mais variados matizes, os quais, por sua vez, igualmente discriminam os "brancos", como eu. Via de mão dupla. A questão de gênero é outro exemplo. Cidadãos de diferentes orientações sexuais são agredidos e mortos diariamente
neste canto do mundo onde remanesce a hipocrisia do machismo.
Sou espírita. Para mim, o espiritismo é, acima de tudo, ciência e filosofia. Não cabe aqui - e sequer estou interessada - discutir a abrangência destes dois termos. Apenas lembro que, para muitos, ele também é uma religião. Recentemente assisti alguns debates televisivos sobre intolerância religiosa. Ficou claro que os cultos de matriz africana são os mais perseguidos, atingidos pela ignorância do preconceito.
Para completar, no último dia 24, a comissão especial que discute o Estatuto da Família, aprovou, por 17 votos a 5, o principal texto do projeto, que define família como a união entre homem e mulher e sua prole, excluindo todos os outros arranjos. Nova regra do jogo. 
É minha suposição que ambas as formas de intransigência - religiosa e de gênero - têm uma única e mesma origem. Por enquanto, apenas observo e vou costurando minhas constatações. Se vir confirmada minha tese,  o tema poderá ser assunto para outra crônica. Quem sabe?