Novos textos dialogando. Desta vez é a poeta Marília Siqueira Lacerda, que fala dos ipês com o mesmo amor mineiro que temos por esta legítima representante de nossa flora, quem me honra com a permissão para que um poema seu seja postado aqui, junto com a minha crônica. Grata, Marília.
(imagem do google)
SURPRESA AGRADÁVEL
Angela Cristina Fonseca - 07/08/2014
O centro comercial da cidade de Belo Horizonte, como o da maioria das capitais brasileiras – há honrosíssimas exceções! -, não é bonito. Carros demais, ônibus demais, ar poluído demais, gente demais andando sem rumo, excesso de ruído, enfim, tudo meio caótico. Mas… o consultório da minha dentista de muitos anos é em pleno coração do centro, a praça Sete. Sete o quê mesmo? Sete de setembro, dia da proclamação da independência do Brasil por Pedro I, um português.
Lá fui eu cuidar do sorriso. Aproveitei, então, que estava no centro da cidade e perambulei um pouco: fui ao banco, à papelaria e a uma loja de frutas na Rua Tamoios que é um achado: vende frutas comuns e exóticas, verduras e legumes orgânicos e onde se pode tomar um suco de misturas de frutas variadas, preparado na hora, simplesmente delicioso, por R$3,00. Cansada, já voltava para casa, quando, em plena esquina barulhenta, suja e feia, surge, resplendente, um ipê rosa imenso, coberto de flores. Parecia escandalosamente deslocado em meio ao caos, porém dono de uma imponência inquestionável. O mais curioso é que por ele passava gente apressada, fisionomia carregada, sem perceber que o ipê estava ali e que bastaria um olhar para desanuviar qualquer semblante. Passei por ele e, vaidoso com o olhar embevecido que lhe dirigi, deixou cair uma flor no meu cabelo despenteado pelo vento. Cumplicidade absoluta.
Pensei: ipê é uma planta perseverante, que cresce e floresce e encanta nossos olhos nos lugares mais inóspitos e até em meio a condições adversas – faz tempo que não chove em nossa cidade! Aí pensei também na Luz maior, aquela que vela por todos nós enquanto andamos ao acaso, despreocupados, e que veste com luxo as árvores para enfeitarem nosso caminho.
Bem, a primavera vem chegando. Como nosso clima anda alterado, a natureza reage com certa confusão: mangueiras e jabuticabeiras floridas antes do tempo são um sinal. O lado bom é que lá estão também os ipês, por todo lado, a nos dizer que, se nem tudo são flores, eles garantem o espetáculo.
Bons ventos soprem para nós!
Lá fui eu cuidar do sorriso. Aproveitei, então, que estava no centro da cidade e perambulei um pouco: fui ao banco, à papelaria e a uma loja de frutas na Rua Tamoios que é um achado: vende frutas comuns e exóticas, verduras e legumes orgânicos e onde se pode tomar um suco de misturas de frutas variadas, preparado na hora, simplesmente delicioso, por R$3,00. Cansada, já voltava para casa, quando, em plena esquina barulhenta, suja e feia, surge, resplendente, um ipê rosa imenso, coberto de flores. Parecia escandalosamente deslocado em meio ao caos, porém dono de uma imponência inquestionável. O mais curioso é que por ele passava gente apressada, fisionomia carregada, sem perceber que o ipê estava ali e que bastaria um olhar para desanuviar qualquer semblante. Passei por ele e, vaidoso com o olhar embevecido que lhe dirigi, deixou cair uma flor no meu cabelo despenteado pelo vento. Cumplicidade absoluta.
Pensei: ipê é uma planta perseverante, que cresce e floresce e encanta nossos olhos nos lugares mais inóspitos e até em meio a condições adversas – faz tempo que não chove em nossa cidade! Aí pensei também na Luz maior, aquela que vela por todos nós enquanto andamos ao acaso, despreocupados, e que veste com luxo as árvores para enfeitarem nosso caminho.
Bem, a primavera vem chegando. Como nosso clima anda alterado, a natureza reage com certa confusão: mangueiras e jabuticabeiras floridas antes do tempo são um sinal. O lado bom é que lá estão também os ipês, por todo lado, a nos dizer que, se nem tudo são flores, eles garantem o espetáculo.
Bons ventos soprem para nós!
TEMPO DOS IPÊS
Marilia Siqueira Lacerda - Ipatinga-MGOuço o cair da chuva
de encontro às folhas
expostas ao tempo.
(Linguagem silenciosa,
intermitente e inviolável.)
Testemunho distraídos
e discretos raios de sol,
por entre frestas de nuvens
abertas ao vento.
Impressiona-me
o tempo dos ipês,
o sorriso das flores
e o convite,
para admirar o sol
se esconder,
opaco,
por detrás das serras.
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