sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

DOS DONS

(imagem do google)

          Amanheceu sorrindo. Desfrutando, talvez, resquícios de um sonho bom. Alguns minutos mais e o menino abre os olhos, completamente desperto. Não se lembra, ou talvez não saiba verbalizar sobre o quê sonhava. Prevalece o bom humor e ele envereda pelo dia e suas possibilidades.
          Fico pensando sobre os dons. Cada ser absolutamente singular que povoa este pequeno planeta traz o seu ao nascer. Alguns têm a grata oportunidade de desenvolvê-lo sem limitações. Encontram pela frente todas as favorabilidades, materiais, ambientais e – por que não? – espirituais para realizar seu potencial. Outros já não têm esta possibilidade e precisam imprimir esforços para consegui-lo. Uns tantos o conseguem, porque o dom talvez possua uma força irresistível que arrasta vontades e supera disposições em contrário. No entanto, nem tudo é sucesso e o sentimento de incompletude e frustração vira fardo, peso morto, dor. Ao longo do percurso, uns o desenvolvem tardiamente – outras prioridades... Incompreensivelmente, talvez, outros o revelam muito cedo, como se o tivessem trazido já pronto, acabado, sem o quê acrescentar. Talentos natos. Muitos, por afinidade e similaridade entre os dons, às vezes se aproximam, somando e aperfeiçoando, fazendo de suas aptidões um conjunto raro de  legitimidade e competência. Há também os que seguem por uma trilha solitária, nem sempre árdua, mas, por tantas vezes, despida do encanto do pertencimento, da intimidade, da pemuta. Certos dons redesenham o itinerário de uma vida. Outros revolucionam inúmeras vidas. Apontam trajetórias, abrem veredas, geram oportunidades e, até mesmo, ofertam os meios. Existem, ainda, aqueles que revelam outras aptidões nunca antes experimentadas, capazes de virar pessoas de ponta-cabeça, justo quando tudo parecia estabelecido e definitivo.
          Dons sempre podem ser potencializados. Ou perdidos definitivamente,  no canto escuro e sujo da preguiça, do desencanto, da inércia. O que faria uma pessoa desistir de seu condão, de sua varinha mágica capaz de transformar o próprio caminho em um rastro de luz e realização?
          Volto meu pensamento para o menino. Seu dom – quem sabe? - seja caçar nuvens, catar estrelas, sorrir sonhando. E o dom de seu sorriso, para mim, chama-se ESPERANÇA.

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