sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

DAS FALTAS E DAS SOBRAS

(imagem do google)


Já houve fartura por aqui, na terra azul. Animais que nem chegamos a conhecer já coexistiram, harmoniosamente - respeitada, por certo, a cadeia alimentar, que garante o equilíbrio das espécies. Caminharam por entre matas e florestas luxuriantes, nas quais inúmeros espécimes asseguravam a diversidade. Águas fartas e límpidas desciam do firmamento e corriam, sonoras e dançantes, por entre pedras, formando lençóis e corredeiras, onde, tranquilos, viviam bichos aquáticos. E iam dar no mar, criatório e berçário da vida. No ar, livres de gases tóxicos, ruflavam asas de todo tipo, tamanho e cor. Guerra, havia. E perseguição. E ataques. Mas, apenas por liderança ou segurança alimentar. Primorosa união dos instintos de sobrevivência e preservação da espécie.
Enquanto astrofísicos, matemáticos e cosmólogos buscam reproduzir em laboratório o fenômeno do big bang, a grande explosão que supostamente teria dado origem ao cosmos, filosofias e doutrinas de diferentes matizes propõem seus mitos a respeito da criação do universo, que, invariavelmente, apontam para um ser, ou energia superior, que teria dado vida a tudo que existiu e ainda existe, sintetizando sua obra criadora no homem, contemplando-o com consciência e livre-arbítrio. "À imagem e semelhança..." Se assim ocorreu, penso que Deus, hoje, chora... Como um artista cuja obra prima haja perecido, aleatoria ou intencionalmente.
Somos criaturas belicosas e arrogantes, guardadas as honrosas e iluminadas exceções. Entre nossas inumeráveis limitações, destacam-se orgulho, vaidade, luxúria, ambição. Maya. Ilusões de nossos espíritos inquietos, atormentados. Desequilíbrio entre nossas forças complementares de sombra e luz. Desconexão com nossa real essência.
O resultado está aí. Claro, escancarado, para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. Produto de nossa intemperança, intolerância e descompaixão, falta-nos o simples, mas essencial. Enquanto nos sobra o supérfluo e descartável. Sofisticamos demais o inútil em detrimento do necessário.
Carentes de alimentação saudável, ar limpo, fontes renováveis de energia e água potável, sem os quais nossa espécie e todas as outras não sobreviverão, sobram-nos fome, ar poluído, energia cara e suja e águas envenenadas e parcas. Além das guerras, das injustiças, da insanidade, da dor e da morte.
Haverá luz para além do caos? Ou estaremos, inexoravelmente, destinados à extinção?

       

4 comentários:

  1. Pois não é que descobri por acaso este seu novo blogue? Pois não é que gostei?
    Entrou em cartaz um filme sobre o físico Stephen Hawking (não sei se é assim mesmo que se escreve). Quase o vi ontem. Optei pelo filme com a Julianne Moore, mas não me arrependo... Depois de falar com você, penso que você pode adiar um pouco este filme. Depois eu o furacão passar (porque ele VAI passar, sempre passou!) aí você vê o dito cujo.
    Pois não é que estou com saudades? Legal demais! Bom final de semana! Fica com Deus! beijinho

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    1. Só posso dizer TE AMO! Também tenho muita saudade e agradeço por me ouvir e secar minhas lágrimas. Até consegui sair um pouquinho e me distrair. Beijinho.

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  2. Faltas e sobras são dois lados de uma moeda que anda escasseando no mercado do bom senso mundial. Uma pena... A luz no final do túnel está bruxuleante, mas resta sempre uma dose de esperança... Adorei! beijinho

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