Meu amigo poeta, o manauara Edweine Loureiro, vive há alguns anos na Terra do Sol Nascente. Por lá, o astro-rei se levanta doze horas mais cedo do que aqui e ele, um semeador incansável na seara da poesia, é um homem solar. Inequivocamente.
Conhecemo-nos, faz algum tempo, no Facebook - sempre ele, a reduzir ou desfazer distâncias!... - e desde então vimos construindo uma amizade poética e um gentil vínculo de afeto. Por isso, sempre nos encontramos por aí, em concursos e publicações literárias, oportunas ocasiões para conhecermos e admirarmos, mutuamente, nossas incursões na literatura e cultivarmos uma parceria bonita no ofício da escrita.
Edweine acaba de lançar um caprichado e-book de trovas e poemetos, onde encontrei um texto que dialoga com um poema meu. Como já fiz outras vezes, com outros amigos escritores, publico aqui, hoje, nossa conversa sobre os meninos do Brasil.
MENINOS (Angela Fonseca)
Os meninos que andam
as ruas
do centro das grandes
cidades
têm olhos de vidro e
pedra e pó.
Em hordas alucinadas,
e porque a vida vale
nada,
brincam com armas de
verdade.
Os meninos que andam
as ruas
do centro das grandes
cidades
não sonham, apenas
deliram.
São heróis-bandidos
e seus territórios
obscuros
cheiram a sangue,
fezes e urina.
As ruas das grandes
cidades
por onde andam esses
meninos
são becos sem saída.
MENINO DE RUA (Edweine Loureiro)
Dormindo nos bancos,
faminto e aos prantos,
tem no olhar um desencanto.
E as mãos pequenas,
tão castigadas na vida,
carregam as marcas
de uma infância esquecida.