segunda-feira, 20 de abril de 2015

UMA HISTÓRIA PARA NÍCOLAS

Este menininho aí embaixo e sua tia, a querida Andreia Donadon Leal, amiga, incentivadora, artista plástica talentosa e escritora de múltiplas letras inspiraram esta historinha singela. O menino lindo tem três aninhos de idade e já é artista, como a tia que tanto ama. Suponho que será também escritor algum dia, porque adora livros e as historias que eles contam. Os genes ele tem. Ambiente favorável e muito estímulo não lhe faltam. Na foto, o desenho de Nícolas, da série morcegos. Voilà.

Noite escura feito breu. Na mata, bichos noturnos saem das tocas. Mamãe Coruja, com seu piado assustador, vai à caça: o ninho, no telhado da casa, está cheio de filhotes famintos. Em voo certeiro, apanha pequenos animais sonolentos e insetos para matar a fome dos pequeninos. Besouros gordos, de asas leves, fazem um barulhão para manterem-se no ar, buscando a luz dentro das casas. Invariavelmente, caem no chão sob o peso do corpo. Morcegos rodopiam, em voos rápidos, silvando para não esbarrarem uns nos outros, procurando frutas para o jantar.
No castelo, todas as luzes apagadas. A princesa Deia dorme seu sono tranquilo, sonhando talvez os sonhos multicoloridos que povoam suas noites sossegadas. Todas as luzes apagadas, menos uma. No quarto do bravo soldado Nícolas, que não tem medo de nada, ele, acordado, vela pelo sono de sua querida princesa.
A luz atrai os besouros, mas a janela está bem fechada. Dali a pouco, morcegos negros começam a rodear a mesma janela, em busca das frutas esquecidas nas fruteiras e na mesa de jantar, abandonadas para o desjejum do dia seguinte. Que bichos feiosos! As asas parecem guarda-chuvas abertos, a cara, de olhos enormes, mas cegos, parece-se com a de um rato e pelos ralos cobrem o corpo desengonçado. 
Nícolas não teme os morcegos, é um soldado de coragem. Mas, preocupa-se com o sono de Deia, perdida em seus sonhos de princesa. 
Então, ele tem uma ideia: pega um pedaço de papel e desenha uma teia bem fechada e prega o desenho na janela. Zás! Um a um, os morcegos caem na tela. E ficam presos para sempre na teia de papel. Nicolas sorri, feliz. A esta hora, os bichos devem estar voando bem longe dali. E os sonhos da princesa estão garantidos. Viva Nícolas, o menino valente!
Angela Fonseca, abril de 2015